O GRANDE DESAFIO DA RESERVA X
Entendendo a estratégia da Reserva na Web 3 e apontando o maior desafio para o sucesso da marca nesse novo ambiente
A Reserva saiu na frente da corrida do Metaverso ao anunciar o lançamento da sua primeira coleção de NFTs. Intitulada Pistol Birds, ela traz o famoso pica-pau da marca em versão estilizada e "pistola", com jeitão de toy art. Com o anúncio, nasce também a Reserva X, braço da empresa lançado para explorar oportunidades na Web3.
Na Forbes, um pouco mais dessa história e volto na sequência para analisar: "Criada em parceria com a Lumx Studios, primeira startup brasileira focada em desenvolver experiências no metaverso, a coleção da Reserva X conta com 12 artes divididas em três categorias de acordo com os benefícios embutidos e a raridade. O público poderá conhecer as novidades em duas fases. Na primeira, Drop 1, serão seis artes com 81 NFTs, totalizando 486 tokens, cada um com cinco benefícios. Na segunda fase, Drop 2, entram NFTs com mais benefícios e valor mais elevado. Os benefícios permitem acesso a oportunidades únicas. Alguns destaques: acesso à coleção Pistol Birds exclusiva para holders, acesso antecipado a collabs e lançamentos, além de ganhar um hoodie com o Pistol Bird do seu NFT".
Segundo a empresa, em apenas 12 horas, as NFTs estavam esgotadas.
Entendendo a estratégia da Reserva X
Quando analisamos a estratégia da Reserva na construção do Pistol Birds fica clara a inspiração no Bored Ape Yatch Club (BAYC). E isso é um elogio à marca brasileira que fez sua lição de casa, dado que o BAYC é o case mais bem sucedido do mundo quando o assunto são NFTs.
(Se você não conhece esse case, sugiro ler o artigo que fiz para o Meio e Mensagem decifrando os quatro pilares desta estratégia. Em resumo, é isso aqui:
1. Uso de celebridades para awareness de marca + geração de desejo
2. Criação de uma comunidade forte e ativa
3. Estratégia de escassez para gerar urgência
4. Utilidade dos ativos para não parecer "vendedor de JPEG")
A diferença primária entre as duas marcas é que a BAYC é uma nativa Web3 enquanto a Reserva é uma varejista que está se dispondo a experimentar possibilidades neste novo mundo. De novo, isso aumenta o mérito da marca brasileira mas evidencia que o esforço para ser bem sucedido vai ter que ser maior em todos os sentidos.
Na minha visão, a Reserva X começou com o pé direito ao:
. Desenhar uma estratégia de construção do ativo ao dialogar com a comunidade via Discord;
. Usar celebridades e suas redes sociais + PR para o awareness de marca no lançamento;
. Trabalhar com eficiência a lógica de escassez;
. Anunciar previamente o road map de lançamento e próximos passos da coleção criando frenesi;
. Comunicar benefícios tangíveis aos compradores;
. Casar o lançamento com uma perspectiva social, motivando mais a gente a aderir.
E, claro, ter a coragem de se posicionar como marca pioneira e assumir riscos de um lançamento deste tipo. Dito isso, fica claro que o grande desafio da marca agora é a estratégia de sustentação, o pós lançamento.
Na prática: como manter a recém criada comunidade ativa, engajada e fazendo com que os membros enxerguem valor tangível nos ativos?
A gestão da comunidade como centro da estratégia
Uma comunidade forte é a base de qualquer experiência bem sucedida na Web3. Na prática, não se trata de uma missão fácil nem curta. Começa antes do lançamento e precisa ser praticada dia após dia quando baixa a adrenalina do dia D e a vida segue. E talvez ai resida o grande desafio. Lançar é “fácil”, difícil é o day after. ë por isso que poucas marcas fazem isso de maneira bem sucedida.
Por mais que o perfil de boa parte dos compradores deste tipo de ativo seja de especulação, com foco na oscilação dos preços de compra e venda no curto prazo, a Reserva vai no caminho certo quando extrapola a visão de médio e longo e foca, nas palavras de Pedro Cardoso, diretor de marketing digital e head de UX/UI da empresa, em "uma nova forma de vínculo e relacionamento com fãs da marca, tendo o nosso cliente no centro de tudo.” Esse é o caminho.
É interessante notar que uma boa estratégia de gestão de comunidade tem um efeito duplo. Auxilia na aquisição ao mesmo tempo que contribui na retenção. Tipo festa boa, quem tá fora quer entrar, quem tá dentro não quer sair. Além disso, o sucesso nesse pilar é fundamental para garantir a sustentação do projeto e para seu credenciamento para voos maiores.
De novo a referência do BAYC que, além dos eventos, das roupas exclusivas, dos benefícios em games, tangibiliza a utilidade do ativo de maneira muito interessante, permitindo ao donos dos macacos que explorem a marca com fins comerciais. Isso muda o jogo.
Essa é uma transformação radical na relação com os fãs da marca que deixam de ser consumidores passivos e passam a ter um papel de "sócio", numa relação que mais se parece à compra de uma ação na Bolsa que a de um produto na vitrine. Não é sobre comprar um agasalho ou um Pistol Bird, é sobre realmente fazer parte do ecossistema da marca, podendo inclusive faturar com isso.
“Nesse mercado, fãs deixam de ser consumidores passivos e se tornam sócios da marca”
Isso está acontecendo nesse momento em Laguna (CA) com a inauguração por membros da BAYC do "Bored and Hungry", uma espécie de fast-food com a marca da coleção. Quem tem o ape, é claro, terá condições especiais. O lançamento do restaurante causou frenesi nas redes e serve de inspiração para um passo mais ambicioso da Reserva X.
A descentralização passa também por “perder o controle” do uso da marca. Por entender que essa nova lógica passa por uma construção de marca fragmentada, em que a comunidade cria múltiplas conversas simultâneas. Neste contexto, o gestor da marca vira mais um maestro, um curador, alguém que dá o norte, mais do que controla como esses ativos serão explorados. Essa virada de chave não é trivial mas a empresa parece no caminho certo para, uma vez, sair na frente e se consolidar como marca pioneira.
Sigo acompanhando e contando tudo aqui!
> Quer ler mais sobre o assunto?
. Visite a página da Reserva X
. Entrevista com Rony Meisler, CEO da empresa, explicando a visão por trás da Reserva X
. Conheça um pouco mais da Lumx, parceira da Reserva no projeto
. Compre as NFT da Reserva X no Open Sea (Se conseguir comprar, te dou um brinde. Mas isso é tema para ouuuuutra News)